Como ir?
Saindo de Viseu pela EN-229, avançar até às Pedrosas e cortar à esquerda.
O que ver?
A Capela de Santa Bárbara e o pelourinho, assim como as ruínas da antiga Igreja Velha.
Onde comer?
No Café Nobre a merenda pode ser frugal, mas há sempre carnuça e casqueiro.
O que comprar?
Mel, nozes e castanhas.
A quem perguntar?
No café o Nobre há sempre quem lhe aplaque as dúvidas.
Porque queremos ir a Travasso?
Travasso merece a viagem pela quietude, pela memória do tempo de antanho, terras e gentes que fazem a história, recuando milénios aos tempos dos antepassados, para nos espantarmos com um recanto bucólico, intocado, nesta antiga aldeia que pertenceu à abadia do padroado, pejada de fauna e flora num inquestionável ecossistema que mostra lagos e charcos, serranias e planaltos, árvores donairosas, sobretudo carvalhas e castanheiros em povoação de vistas largas, uma fantástica romagem de saudade a outros ritos, por entre a carqueja e o pinhal, onde se alvoroçam perdizes e patos bravos visíveis no ritmo das estações que alegram esta paisagem tão agreste, pintando-a de várias tonalidades por entre água a galope e o rendilhado do granito, pontuando a orografia. Travasso é o silêncio dos cedros, o vale verdejante e o tempo que corre a lugar nenhum. Começa tudo no Largo da Carvalha, devesa de tempos antigos, guardada pela Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, o olival a apontar o caminho ao lago, o casario que se contorna em meia légua e as inquietantes ruínas da antiga Igreja Velha. Um passeio que permite perceber a adaptação do homem às condições naturais, o viver feito geografia, o som da água em fundo, a Casa do Guarda Florestal, trazendo lembranças e os resquícios do regadio que ainda hoje alimentam a Quinta da Bouça, santuário de biodiversidade, macieiras antigas e vetustos castanheiros, o centenário olival e, no tempo deles, o laranja dos diospiros. Nos contrafortes do pequeno planalto os pastos e de quando em vez vacas e vitelas deambulando na natureza. Travasso é janela de Barreiros, extraordinária localidade que crismou apelido, como o contou Martim Fernandes, os Barreiros, oriundos da Beira, “honra dos filhos”, uma natureza intocada, só o silêncio as coisas mais simples e mais autênticas da vida estão aqui, lousas de xisto a curvar o outeiro, o granito marcando a cadência, o progresso sentido, mas o edificado parado no tempo. Travasso é essa cápsula temporal, um mecanismo cronológico que guarda os viveres de outrora, a nostálgica alegria que nos remete ao passado antigo desta Beira, a aldeia escondida na encosta, o vale encantado que nos impulsiona a essa relação corpórea, telúrica, com a vida, uma aldeia intocada, onde se sente o silêncio perpétuo, convidando à introspeção, a volta ao redondel, acompanhando o viver do lugar. Travasso terá sido morada de Rui Barreiros, escudeiro e juiz do rei, como o documentam os pergaminhos do Cabido de Viseu.
Travasso pelo seu carácter intocado é quase lugar de uma rua só, a que sobe é a mesma que desce. Se nos quisermos encontrar com o tempo, perceber os ciclos da terra e render-nos à tranquilidade Travasso é esse lugar mágico.
Autoria: Amadeu Araújo
Edição: Divisão de Comunicação, Informação, Protocolo e Relações Externas do Município de Viseu