Guimarães (S. Pedro de France)

Como ir?

Saindo de Viseu, tome a EN-229 e percorra 7 quilómetros até ao Cruzamento de Cavernães, onde deve cortar à direita.

 

O que ver:

Inscrições gregas no Santuário de Nossa Senhora da Pena, Assento e Forno do Turco, Igreja Matriz de Figueiredo, Casa de São Domingos.

 

Onde comer?

Em Figueiredo, na mercearia junto aos tanques. Se os tiver à mão, a Dona Lucília assa um frango de estalo.

 

O que comprar?

Avelãs, azeite e vinho na Quinta do Covelo.

 

A quem perguntar?

Ao João Capela, o padeiro que anda de aldeia em aldeia tocando buzina e vendendo pão.

 

Porque queremos ir a Guimarães?

Porque é lá que está uma floresta que esconde nacionalidades, histórias e lendas. É lá que está o “Assento do Turco”, a “Cova da Moira”, “Nossa Senhora das Preces” e é por lá o caminho, talvez, da nossa nacionalidade embiocada no mais puro dos verdes, por entre leiras cultivadas e uma rede de estradas que ligam aldeias austeras, perfiladas e bonitas, cadenciadas pelas estações, brindadas pela natureza.

Saindo de Viseu pelo Pórtico do Fontelo, Quinta Agrária a estibordo, rume a Leste pela EN-229, encontramos uma via urbana que liga ao norte do concelho. Na Barraca, corte à direita e siga a bombordo, para Figueiredo. O Assento está, o mais possível, a leste de Viseu, lembrando os otomanos, donde terá vindo o Forno que emparelhou o Turco. Pouco antes, vemos a penedia, em rijo granito, que se altiva e abriga o Assento do Turco. Destape o musgo e espreite o grego escavado na penha: “Oxalá que de longe ressoe, libertar-te-ás”. A tradução é de um professor de belas artes e foi avalizada pelo ministro da Legação Real Grega. Logo depois, fica Guimarães. No fundo do vale, abrigada entre os penedos, onde as leiras alimentam ovelhas e vitelas e o oráculo nos cai aos pés. Acabam-se os pinheiros, aparecem as oliveiras e chegámos. Vemos a cantaria, pedras que guardam estes segredos e maginamos a peleja. Sim, há lendas, moiras, feiticeiras, inscrições e uma France do tamanho do apóstolo, São Pedro – já agora, com roncas e penedos. E outeiros, muitos e tantos de onde observamos a floresta, carreiras de pinheiros, encimados por oliveiras que mostram aldeias bem conservadas, severas, onde o tempo parece conservado numa genuinidade pura.

E é aqui, nestas fecundas terras que se esconde um dos egrégios enigmas: Dom Afonso Henriques, o primeiro, terá nascido aqui? As pedras não falam, o buda que está em Silvares, logo a seguir a Figueiredo, fica mudo e querelam-se polémicas. Ao lado o Outeiro, e ao alto a Senhora das Preces, envolta em magnífica paisagem, escondendo a história, encantando os antepassados.

Turcos, franceses, helénicos. Guimarães, uma das quase duas dezenas de povos da freguesia de São Pedro de France, tem multiculturalidade capaz de pedir meças à nacionalidade. Guimarães é ancestral, rural, mistério por desvendar, casario escondido entre serranias e penedias. Santos, capelas e cruzes por todo o lado. Aqui somos libertados numa atmosfera austera, afincadamente arreigada às leiras. Os lameiros, que pintalgam os socalcos de verde, estão seguros com a força bruta das pedras e vigiados pela passarada. Mesmo o mais recente do reabilitado não obscurece o mais pisado das lajes. Sossego, repouso e verde, uma verde floresta, o verde claro dos campos férteis, as latadas aos pés dos córregos. Todo um viver sincopado, tocado pelo silêncio, cruzado pela história, acrescentando mitos.

Teria andado Dom Afonso por aqui? Que vieram fazer os otomanos? E os gregos, logo aqui neste pedaço intocado da natureza, prenhe de silêncios, onde foi acolhida a vigaria da apresentação do Bispo de Viseu, no termo da cidade?

Use a bicicleta, caminhe na natureza, e deixe-se surpreender. Arranje um farnel e suba a Nossa Senhora do Rosário. Assento no frondoso parque das merendas e contemple o que acabou de ver. Desfrute da reflexão e do encontro. Está no meio da natureza.

 

Autoria: Amadeu Araújo

Edição: Divisão de Comunicação, Informação, Protocolo e Relações Externas do Município de Viseu